segunda-feira, 16 de março de 2009


ESCOLA SEM PAPEL EM UMA ESCOLA COM PAPEL

20/11/06


Texto de Geni Gomes Nogueira
Professora da Escola Estadual Professor Leon Renault


Temos na Escola uma agitação própria, um pulsar de vida, uma inquietação que não se iguala a outros locais.
A apresentação de fatores que interferem para o sucesso ou não da Escola, não se esgota em poucas análises. Muitos motivos poderiam ser listados, mas resolvi priorizar alguns, conforme minha vivência, o que minimizaria e muito os insucessos.
Inicialmente é bom ver nossos alunos como agentes transformadores da sociedade, e responsabilizar ainda mais o papel da Escola na formação da cidadania, que vai além de formá-los para serem empreendedores na vida, O objetivo deveria ir além das informações conteudistas: uma formação para que sejam cidadãos(ãs) do bem, afinal a Escola tem que ter um novo olhar para aflorar a essência do ser humano. Criar oportunidades para que revelem seus talentos, principalmente faze-los seres auto confiantes.
O certo é que a educação se completa também na Escola; por isso ela intervém diretamente na sociedade, mas ela não tem cumprido bem o seu papel. Não acompanhou a evolução dos tempos, ela ainda é reprodutora de antigos modelos, apesar dos belos discursos de mudança e de estar usando os mecanismos inovadores da tecnologia.
O ponto de partida para entender e mudar o resultado na educação é reconhecer que a energia de nossos alunos está diferente da de tempos atrás e, portanto, ter um número de alunos na sala de aula que permita que eles sejam observados, orientados, avaliados e estimulados pelo professor, deve ser o começo. Esse é realmente um fato e deve ser o inicio da mudança do que está aí, ou melhor dizendo, o que vai interferir diretamente em um bom resultado.
É interessante que quando podemos nos aproximar de cada um de nossos alunos, quando procuramos conhecê-los melhor, quase sempre compreendemos seu comportamento e passamos a agir diferente. Assim, deveríamos levar em conta alguns fatores:
- Os hormônios em alta , na faixa de idade do ensino fundamental. Este ingrediente é uma das razões do inquieto comportamento.
- A desestrutura familiar, com separações dos pais, ou mesmo ausência por motivos os mais variados
Ter oportunidade de entender sua estrutura familiar, sua busca, sua auto-estima, faz-nos julgá-los melhor. Apesar de não gostar do termo “julgar”, seria hipocrisia dizer que nós professores não usamos sempre desse “direito”, dessa atribuição, desse “poder”, em relação aos nossos alunos. Por isso, dentro da sala de aula, ter o número ideal de alunos é prioridade para acontecer a melhoria da educação.
Vontade política de mudança é também investir mais no elemento humano de qualidade nas Escolas, e que ele tenha um salário com que possa viver dignamente. O que se paga a um bom profissional é muito pouco diante do resultado que ele trará à sociedade. Profissionais entusiasmados são mais motivados a usar todo seu talento nos projetos para desenvolver nos seus alunos o que eles têm de bom, o contrário faz surgir a indignação e ou acomodação.
Quanto aos alunos, para mim existem dois grupos: o dos estudantes em potencial, porque reconhecem que a Escola é muito mais que um local de encontro dos colegas, priorizam a busca do conhecimento, participam realmente das aulas e sabem que o seu tempo deve ser bem aproveitado, para chegar à aprendizagem. São os alunos naturalmente disciplinados. Sem deixar de ser sociáveis.
O que chamaria de segundo grupo, são os alunos que buscam na Escola apenas o papel social, que ela cumpre muito bem. Sentem-se felizes ao estar em contato com colegas com os mesmos problemas da idade, querem identidade, mas querem perder a identidade ao estar em contato com outros colegas, fazendo parte do grupo. Estudar, construir conhecimento, não é prioridade. São os alunos que têm sempre atitudes de indisciplina ou desinteresse, prevalecendo entre eles o termo “não estou nem aí”.
Outro ingrediente que também reconheço contribuir para o resultado negativo de nossos alunos é que a esperança está diretamente ligada à vitória, no entanto parece que muito dos nossos alunos estão com muito pouca esperança em relação ao seu futuro, e ficam indiferentes quanto ao fracasso na aprendizagem. Para um grande número de alunos a vitória está muito distante de suas vidas; assim, como resposta, tem um comportamento em que o desinteresse prevalece, mas o professor (a) poderia ajudá-los ao dar um atendimento mais individualizado se tivesse menos alunos em sala de aula.
Que bom se os professores reconhecessem também como aluno em potencial, os do segundo grupo apresentado, e conseguisse seduzi-los, para que recebessem a informação, o conhecimento desejado, mas principalmente recebessem a formação educacional para serem participantes de forma produtiva, e que pudessem fazer escolhas acertadas na vida, que encontrassem seu caminho, e fossem agentes transformadores positivos da sociedade. No entanto fica quase impossível dar atenção individualizada, devido ao grande número de alunos na sala de aula, e que para se conseguir um bom resultado no processo ensino aprendizagem é preciso, um acompanhamento.
. Reconheço que a Escola tem sido um palco onde se trava uma luta entre a opção de preservação dos conservadores X modelo progressista.
Preservação dos conservadores é quando consideram que a engrenagem da Escola está correta, não precisa mudar nada, apenas fazer com que funcione seguindo o que temos já estabelecido, priorizando a disciplina, afinal a Escola tem que dar limites. Inovação pode ser apenas adequar a escola às novas tecnologias.
Os progressistas sabem que normas para um bom funcionamento têm de existir e devem ser respeitadas, mas querem ir além. A Escola precisa inovar, mas parece impotente. Essa é uma luta que deveria fazer parte todas as forças da Escola, e não apenas a direção, os professores, mas os pais e também alunos, e principalmente o poder com suas ações política, a partir da boa vontade, os resultados vem. O certo é que o “impossível está no pensamento dos acomodados”.
Para que aconteça a necessária mudança, já existem modelos que se adequaria bem ao processo educacional nas Escolas. Tenho assistido a muitos documentários na Tv, e presenciado ações comunitárias, com bons resultados em seus projetos,
Acredito que quando os alunos permanecerem mais tempo na Escola, mas com oportunidades para que desenvolvam talentos e dando a eles condições de escolha em atividades oferecidas, sem dúvida complementaria sua formação como ser humano
O certo é que não existe inovação nenhuma nessas citações, mas é bom reafirmar que dentro de uma Escola convencional poderia acontecer uma ESCOLA SEM PAPEL, conforme o espaço físico que ela tenha. Essa seria uma Escola dos novos tempos. Envolveríamos toda a Escola com os projetos, onde aconteceria as variadas modalidades de ensino a serem desenvolvidas.
Na Escola além da tecnologia, é muito bom ter área verde, para que os professores se utilizem de outros ambientes sem ser o da sala de aula. Todos os alunos gostam e
trás bons resultados, as excursões, uma oportunidade para observar o meio ambiente e receber a formação de como tratá-lo.
Que bom! ter uma Escola sem papel dentro da Escola com papel. Penso que ter vontade política para mudar é o primeiro passo. É tão ruim ouvirmos dizer que precisam construir mais cadeias, o que precisa é construir enquanto podemos educar nossos jovens, é uma Escola diferente, onde a nossa sedução para o bem seja maior que a sedução para o mal.
Investir em mais elemento humano de qualidade nas escolas, para que façam projetos e desenvolvam nos alunos o que eles tem de bom, e consequentemente valorizar financeiramente este profissional, é sem dúvida um ótimo investimento.
Enfim os desejos podem assim ser listados:
- Que cada sala de aula tenha um bom número de alunos para serem observados, percebidos, orientados, avaliados e estimulados pelo professor(a).
- Que o Professor(a) sinta prazer e cumpra a tarefa a que se propôs sentindo cada aluno como se fosse um filho.
- Que ao final do mês, o professor(a) se sinta recompensado e possa viver dignamente do seu salário.
- Que tenha na Escola um ambiente de trabalho em que haja amizade, solidariedade, respeito e justiça.
- Que a Escola tenha projetos para ajudar a atender as necessidades no processo Ensino-Aprendizagem.
- Que a Escola seja um “porto seguro” para os pais que têm esperança de que nela seus filhos também sejam educados.
- Que os projetos faça a Escola uma Instituição valorizada, já que a Educação é tudo e ensinar é um exercício de imortalidade.





.

Nenhum comentário: